Leio muito a palavra “direito” na internet, direito de ser diferente, de ser igual, de ser triste, e principalmente, de ser feliz. A felicidade parece daqueles o direito inalienável (inalheável) do ser humano nos nossos tempos – já que grande parte dessa ideologia vem dos Estados Unidos, dá-nos o direito de fazer uma pequena comparação com um fato histórico conhecido por lá, só para o brio do estilo: nem mesmo a febre do ouro de 1849, na qual milhares de trabalhadores se deslocaram para o “velho oeste” norte americano, desenha uma procura tão voraz quanto a nossa febre da felicidade, pelo menos no mundo da propaganda, produção em massa e marketing.Por outro lado, a venda de Prozac aumenta a cada dia...
A felicidade é a ausência de problemas, é um comercial de margarina. O cachorro, os filhos – um casal - felizes e saudáveis, a mulher bonita e sensual e o pai, chegando ou saindo de seu carro zero. Olhamos para a vida e vemos que os animais morrem rápido; os pais se suportam num amor conformado e econômico, com traições mensais; o filho usa drogas e engravidou uma menina da vizinhança; a menina sofre de síndrome do pânico. Não somos felizes, ninguém é! Não importa quantas vezes a televisão diga que sim.
A felicidade se trata do mito contemporâneo, entretanto, diferencia-se dos antigos: os religiosos e os científicos tentam explicar o mundo para uma convivência mais tranqüila(se funciona ou não se refere a outra discussão), pois conhecem os suplícios desse mundo; apóiam-se na fé das pessoas. A felicidade segue um caminho diferente, ao invés de esclarecer, turva a imagem do mundo, dividindo o homem em várias realidades individuais; estrutura-se através da ignorância e da alienação.
3 comentários:
Oi, Rafa!
Gosto de vê-lo escrevendo mais e gostei especificamente deste texto, bem articulado.
Concordo com você com o fato de "a felicidade" pregada pela mídia ser maléfica, causadora de ignorância e alienação.
No entanto, não sei se isso faz dela "um mito". EU acredito sim que a felicidade exista. Só não acho que ela seja esse "comercial de margarina" pregado pela TV.
Além disso, a "felicidade" existe desde os tempos remotos, não? Não acho que ela seja uma invenção moderna. Acho que ela é um dos componentes do ser humano, mesmo que externa.
Olá Vinícius,
Obrigado por comentar!
Também acho que a felicidade exista, mas não completamente, acredito que a vida seja, de fato, uma dialética entre a tristeza e a felicidade. De certa forma, também acho que o sofrimento seja base do amadurecimento humano, até me atrevo a dizer que seja o caminho para compreender os momentos de felicidade, que, como você disse, é um componente do homem.
Mas a idéia de "felicidade" hoje, parece querer eliminar os momentos de sofrimento. Inclusive, segundo Maria Rita Kehl, alguns psicanalistas defendem que o Prozac deve ser tomado sempre que o sujeito se sentir triste e não mais só em quadros depressivos... E está idéia modela a vida de várias pessoas, que justificam suas ações, egoístas e individuais, com o "direito a ser Feliz".
Mas talvez você esteja certo, não sei se poderia se tratar de um mito. Preciso pensar sobre isso...
Oi Rafa!
Gostei que vocês tb tem blog, vou adicionar o link no meu =)
Eu li o seu texto e acho que tenho que refletir um pouco mais sobre ele pra dar uma opinião acertada, mas o que eu posso dizer por experiência própria é que a vida é feita de momentos de felicidade e tristeza.
O que eu ainda nao aprendi, porém, é que na vida pra tudo a gente tem que ter paciência de esperar.... E essa paciência ainda não veio pra mim, infelizmente!
Continue escrevendo!
Beijos
Morenosa
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